quarta-feira, 19 de maio de 2010

Crise

"Vivemos em um mundo confuso, e confusamente percebido" disse Milton Santos sobre o mundo globalizado atual; assim como vivemos um período que é uma crise.
O atual mundo globalitário, é cheio de fábulas, e de perversidades, devido ao poder do capital e de seus atores hegêmonicos. A mídia sustenta essas fabulações, e apesar do acesso à informação, as pessoas não são tão bem informadas como pensam ou como nos fazem crer. Erguem-se enormes mitos sobre o mundo de hoje, fato que torna nossa percepção de mundo ainda mais confusa.
E assim, vivemos em crise.
As Crises Econômicas, tomam destaque nos telejornais, na internet, e em diversos outros meios de comunicação de massa. As pessoas comuns, nas ruas e nos lares, conversam sobre as crises (do capitalismo); crises que mal sabem explicar, ou localizar no globo. E, o que é pior, as pessoas aceitam as opiniões formadas de "especialistas e comentaristas" sobre a "tal atual" crise, que é inerente ao sistema capitalista; sem ao menos fazer uma crítica ao atual sistema, ou ver as crises a partir da perspectiva da luta de classes.
Desse modo, sem compreender as estuturas do capitalismo e sem visão de classe, o mundo segue em suas suscessivas crises. E as crises, acabam sendo boas para os donos do poder hegemônico global, que obtem enormes somas de capital.
Mas, qual é a Crise que vivemos hoje? Será ela apenas fruto do mal funcionamento da econômia?
Precisamos nos ater mais sobre a Crise que afeta nosso dia a dia no planeta.
Se cremos que as crises são apenas fruto da economia global, isso por que nós, que nos tornamos cidadãos-consumidores, não conseguimos consumir os super produtos, das super-produções do capitalismo; que precisamos trabalhar mais e com mais empenho para superar a sempre atual crise; vamos continuar iludidos, vivendo de super fabulações escritas pelo capitalismo financeiro. E continuaremos cegos, confusos e em "crise".
Oh! mundo confuso que deixa os homens em crise!
As crises que vivemos no mundo contemporâneo, são mais profundas e mais difícies de serem compreendidas pela humanidade; apesar de serem facilmente explicadas por algum iluminado na televisão.
A crise que vivemos em nosso vasto mundo sem fronteiras, são mais complexas que um buraco negro no universo.
A crise que nos afeta, é crise política e cultural. É crise de percepção, é crise de idéiais. Falta à humanidade a capacidade de sonhar e lutar por um mundo mais justo, por um outro mundo possível, com liberdade e justiça social e sem diferenças econômicas.
O grande poeta Cazuza está certo quando diz que precisamos de uma ideologia para viver. Uma ideologia e uma filosofia nova, que coloque o dinheiro e as técnicas ao serviço do homem, e não os homens a serviço do dinheiro, e escravo da tecnologia.
Precisamos de novas concepções de mundo, de novos discursos, de um novo paradigma para a humanidade. Caso contrário, continuaremos a viver um período que é uma crise.
Anark Girl.

sábado, 15 de maio de 2010

Maximilien Sorre (1880-1962)


Max Sorre, foi um grande geógrafo francês, que contribuiu profundamente para a epistemologia geográfica no início do século XX, deixando um importante legado à Geografia.
Discípulo de Vidal de La Blache, Sorre aprofundou o conceito de "Gênero de Vida", muito usado na geografia possibilista francesa, e dentro da geografia Humana e Regional.

Em sua principal obra "Fundamentos de Geografia Humana", Max Sorre conceituou o clima como sendo "A sucessão habitual dos tipos de tempo em um determinado local da superficie terrestre". Mesmo se tratando de um amplo estudo sobre Geografia Humana, Max Sorre transcende a dicotomia entre Geografia Física versus Geografia Humana, e consegue trazer um novo paradigma para os estudos de Climatologia.

Outro conceito importante deixado por Max Sorre, foi o de "Complexos Patogênicos". Este conceito, estudado sob a ótica da Geografia Humana, aproximou a Geografia dos estudos de Epidemiologia, o que levou a Geografia a se ramificar e fazer estudos dentro de uma área denominda de "Geografia Médica".

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Friedrich Ratzel


Geógrafo e etnógrafo alemão, nascido em Karlsruhe, Baden. Iniciou-se profissionalmente trabalhando como farmacêutico até os 21 anos de idade, quando passou a estudar Ciências Naturais e depois Geografia, recebendo o doutorado em zoologia pela Universidade de Heidelberg (1868). Ensinando ciências em Munique e Leipzig, publicou um ensaio sobre a obra de Darwin (1868) e mais tarde interessou-se também pelas teorias sobre a migração de espécies. Depois trabalhou como correspondente do jornal Kölnische Zeitung, de Colônia (1874-1875), viajou pelo sul da Europa, México e Estados Unidos, o que o levou ao estudo da antropogeografia (geografia humana). De volta à Alemanha, tornou-se professor universitário em Munique e, posteriormente, em Leipzig. Mundialmente conhecido por ter sido um dos fundadores da Ciência Geográfica, especialmente da Antropogeografia ou Geografia Humana, com a criação da disciplina Geopolítica. Morreu em Ammerland, Germânia, e suas mais importantes obras foram Anthropogeographie (1882-1891), Völkerkunde (1885-1888), Politische Geographie (1897), Die Erde und das Leben (1901-1902) e Lebensraum (1901), um de seus conceitos mais importantes e fundamentais para a Geografia, principalmente a Alemã. Este conceito foi fundamental para a expansão do império alemão no século XIX, e para "apagar" os restícios feudais que ainda estavam presentes na alemanhã, após a unificação do império austro-húngaro; e também para a consolidação do pangermanismo.
Assim como os demais geógrafos clássicos, Ratzel sustenta que a geografia não é uma ciência natural e nem uma ciência humana, mas sim uma ciência de contato entre essas duas grandes áreas do conhecimento. Essa corrente de pensamento definia a geografia como uma ciência de síntese, isto é, uma ciência que estuda as relações entre elementos heterogêneos na superfície terrestre, tanto os naturais quanto os sociais. Mas ele foi também o primeiro a propor a constituição de um ramo da geografia especificamente dedicado ao estudo do homem na sua interação com a natureza, ao qual ele denominou "antropogeografia". Assim, Ratzel "é considerado por muitos o fundador da moderna geografia humana, sendo responsável também pelo estabelecimento da geografia política como disciplina."
Ratzel deixou bem claro no início do seu livro Antropogeografia que ele é contra o determinismo simplista.
Já na Antiguidade procurava-se explicar as diferenças entre os povos com base em raciocínios deterministas acerca das influências naturais sobre a fisiologia humana, sobre o “caráter” de cada povo ou ainda sobre as formas de organização política. A ideia popular de que certos grupos nacionais ou regionais seriam preguiçosos devido aos efeitos do clima quente sobre a disposição física das pessoas exemplifica esse tipo de raciocínio, pois expressa uma relação direta de causa e efeito entre clima e comportamento. Em Ratzel, porém, a adaptação do homem ao ambiente é entendida sob a ótica da utilização de recursos naturais para a reprodução dos elementos materiais da cultura, o que muda completamente o sentido da interpretação. Esse autor entendia que o ambiente interfere no desenvolvimento de uma sociedade na medida em que pode oferecer melhor ou pior acesso aos recursos, atuando assim como estímulo ou obstáculo ao progresso. As leis que governam a história humana são, assim, produtos de um processo dinâmico e permanente de adaptação ao ambiente, e não um resultado direto da ação de fatores naturais, como o clima ou o relevo, sobre os homens, assim, combatendo o determino geográfico presente em muitas obras de geografia de fins de século XIX e início do século XX.

sábado, 1 de maio de 2010

ÉLISÉE RECLUS - VIDA E OBRA



Eminente geógrafo, intelectual e anarquista francês. Nasceu em 15 de março de 1830. Filho de um pastor protestante estudou na Universidade em Montauban e Berlin. Em 1864 conheceu M. A. Bakunin, de quem se tornaria amigo e companheiro até à morte, sendo o orador no seu sepultamento. Sendo já um reconhecido geógrafo, participou ativamente da Comuna de Paris de 1871. Aprisionado, foi condenado a degredo, mas um amplo movimento internacional, reunindo intelectuais de vários países, conseguiu que a pena fosse comutada em expulsão para a Suíça. Viajou por todo o mundo, durante o trabalho de pesquisa que fez para preparar a Nova Geografia Universal, aproveitando esse fato para estabelecer contatos com os núcleos anarquistas dos países por onde passava. Esteve em Portugal nos anos de 1886 e 1887 tendo incentivado os primeiros grupos anarquistas a se organizarem de forma autônoma e, em 1893, esteve no Brasil, Uruguai, Argentina e Chile. No ano seguinte participou da fundação da Universidade Livre de Bruxelas onde seria professor. Tal como seus outros irmãos, em particular o fourierista e libertário Élie Reclus, Élisée foi um dos expoentes intelectuais do anarquismo do século XIX. Suas obras O Homem e a Terra e A Montanha, tal como muitas de suas reflexões nos seus textos geográficos, que o tornaram um dos fundadores da moderna geografia humana, são exemplos de uma visão precursora da ecologia. De sua autoria foi publicado no Rio de Janeiro, em 1900, Estados Unidos do Brasil, o capítulo da Nova Geografia Universal referente ao país. Destaca-se ainda seu livro Evolução, Revolução e Ideal Anarquista, onde se reúne sua visão política e todo seu ideal revolucionário e anarquista.
Em 15 de Fevereiro Reclus profere seu último discurso, em uma reunião em Paris, falando da Rússia e de sua Revolução. Morreu em Bruxelas a 4 de julho de 1905. Seu último trabalho concluído foi o prólogo de O Homem e a Terra, para uma edição russa, e algumas notas onde anunciava a revolta dos Marinheiros do Encouraçado de Potenkin.

Obras

  • Voyage à la Sierra Nevada, 1861
  • Guide des Pyrénées, 1862
  • Guide de voyageur aux Landes et aux environs, 1862
  • Dictionnaire des communes de France, 1862
  • La Terre; description des phénomènes de la vie du globe, 2 volumes, 1868-1869
  • L'histoire d'un ruisseau, 1869
  • Nouvelle Géographie Universalle, 19 volumes, 1876-1894
  • L'évolution, la révolution et l'ideal anarchique, 1897
  • L'Afrique australe, em colaboração com seu irmão, Onésime (Orthez 1837 - Paris 1916), 1901
  • L'empire du milieu, 1902
  • L'Homme et la Terre, 6 volumes, 1906